Em decisão unânime, o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) aprovou a revalidação da Festa de Sant’Ana de Caicó como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A reunião aconteceu na tarde da última terça-feira (25), na sede do IPHAN, em Brasília (DF), e marca mais um reconhecimento à importância cultural, histórica e simbólica da celebração mais emblemática do Seridó potiguar.
Inscrita no Livro de Celebrações do IPHAN desde 2010, a festa passa por um processo de revalidação a cada dez anos — etapa essencial para avaliar a preservação de suas características originais e o compromisso da comunidade com a manutenção do bem imaterial. O processo atual foi iniciado em 2021 e, após análise técnica e institucional, recebeu parecer favorável, sem a necessidade de intervenções por parte do instituto.
A técnica do IPHAN, Marília Melo, reforçou que a revalidação não apenas confirma a continuidade do título, como também reafirma o valor da celebração como referência de identidade e pertencimento para o povo de Caicó e do Seridó. A atuação da comissão organizadora local foi elogiada pelos conselheiros, destacando a proteção espontânea dos elementos que tornam a festa singular no cenário nacional.
Entre as peculiaridades que sustentam a revalidação estão as expressões religiosas e culturais que compõem o evento, como o tradicional Pavilhão Cultural de Sant’Ana, a Feirinha de Sant’Ana, a gastronomia típica — com pratos como chouriço, buchada e filhós com mel de rapadura —, o bordado seridoense, o “beija” nas imagens sacras, a ornamentação de andores e altares, e a presença da Banda de Música Recreio Caicoense. Esses elementos foram considerados essenciais no dossiê que sustentou a decisão.
Além disso, o IPHAN anunciou que pretende desenvolver novas ações de preservação, como registros audiovisuais e parcerias com instituições públicas e privadas, fortalecendo ainda mais a proteção e a difusão da Festa de Sant’Ana.
Reconhecida como uma das maiores manifestações culturais do Nordeste, a festa transcende o aspecto religioso e movimenta a economia criativa, o turismo e o sentimento coletivo de orgulho pela tradição. A permanência do título é também um reflexo da vitalidade com que a comunidade celebra suas raízes.